Importância da alimentação nos doentes renais
Um dos grandes desafios que encontramos no tratamento dos pacientes nefropatas crônicos é a alimentação. E existem dois pontos extremamente importantes sobre este assunto que devem ser abordados: o que comer e como fazer o paciente comer.
A perda de apetite é uma complicação comum nos pacientes nefropatas, principalmente quando o quadro está mais avançado (geralmente nos estágios III e IV). Pode ocorrer: anorexia (perda total do apetite), hiporexia (diminuição do apetite) ou apetite seletivo, no qual o paciente só demonstra interesse por alimentos mais palatáveis, mas muitas vezes inapropriados (doces, pães, entre outros).
A alteração no apetite é multifatorial, podendo estar relacionada tanto com náuseas e vômitos decorrentes do acúmulo de toxinas urêmicas, como das gastropatias urêmicas. Nestes casos, o uso de medicamentos gastroprotetores e estimulantes do apetite são necessários, na tentativa de regularizar a ingestão de alimentos. Em felinos, ainda à controvérsia sobre a utilização de gastroprotetores, pois nem sempre a gastropatia é erosiva (úlceras). Mas o uso de medicações anti-nauseantes e estimulantes de apetite costumam ajudar bastante. Quando estas medidas não são eficazes, é indicado o uso de sondas nasogástricas, esofágicas ou gástricas.
Devido às características e complicações da doença renal crônica (DRC), a dieta precisa ter alguns cuidados especiais. Apesar de questionável em alguns casos, (principalmente em felinos) ainda se preconiza a restrição de proteínas. A sobrecarga de aminoácidos, proveniente das proteínas, induz alterações hemodinâmicas nos rins, como a hiperfiltração glomerular, que podem comprometer a sua função e agravar as lesões pré-existentes. Além disso, a restrição de proteínas também ajuda a controlar a acidemia e o acúmulo de compostos nitrogenados no sangue, reduzindo os riscos de crises urêmicas. Diversos estudos mostram a redução da progressão da DRC quando os pacientes são submetidos a dietas restritas em fósforo, uma vez que ajuda a controlar o distúrbio ósseo-mineral renal. A suplementação de ômega 3, anti-oxidantes e minerais e vitaminas hidrossolúveis também são de grande importância na dieta dos nefropatas, pois ajudam a corrigir o estado pró-inflamatório, estresse oxidativo e perdas renais decorrente da poliúria.
A alimentação é um dos pilares mais importantes do tratamento dos nefropatas e deve ser prescrita e acompanhada de forma adequada e rigorosa, mas tão importante quanto isso, é fazer o paciente comer. Não deixe de seguir as recomendações alimentares de um nefrologista experiente, pois pode fazer grande diferença na sobrevida do seu pet.