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Visão sistêmica das doenças renais


A nefrologia veterinária é uma especialidade que estuda as doenças dos rins. Aparentemente parece ser uma especialidade simples, pois trata de apenas um órgão (na verdade dois rins). Mas não podemos esquecer que o trato urinário é uma das principais vias de eliminação de toxinas e responsável pela manutenção da homeostase (equilíbrio do organismo), ou seja, o mau funcionamento deste órgão acarreta numa grande quantidade de complicações sistêmicas.


Mais de 90 toxinas são retidas no organismo com a diminuição da taxa de filtração dos rins. Entre estas toxinas, podemos citar as citocinas inflamatórias, que são responsáveis por levar o paciente a um estado pró-inflamatório e oxidativo muito importante. Também podem ocasionar diversas lesões em outros órgãos, como pneumopatia, gastropatia e encefalopatia urêmicas, além de aumentar a predisposição a pancreatite e colangite, que agravam muito o quadro clínico. Outro exemplo clássico de lesões extrarrenais é a Síndrome Renocardíaca, quando o mau funcionamento renal leva a uma cascata de eventos que culminam com lesão cardíaca.


Além do acúmulo de toxinas, a lesão renal pode induzir alterações no equilíbrio hidro-eletrolítico e ácido-base. Dependendo do tipo de lesão renal, podemos ter um balanço hídrico positivo, que cursa com quadro congestivo e edema, ou negativo, caracterizado por desidratação e hipovolemia. Alterações nos eletrólitos também são comuns, entre elas a alteração no equilíbrio cálcio/fósforo ocasiona o Distúrbio Mineral e Ósseo da Doença Renal Crônica, que esta diretamente relacionada ao aumento de mortalidade. A acidose metabólica também é uma complicação corriqueira, que está relacionada com a incapacidade do organismo de excretar ácidos e regenerar bases nos túbulos renais.


Duas outras complicações corriqueiras das doenças renais também podem trazer complicações catastróficas para o organismo: a anemia e hipertensão arterial. A anemia pode comprometer o aporte de oxigênio para diversos tecidos, causando lesões hipóxicas. Já a hipertensão pode ocasionar lesões em diversos órgãos-alvo, como cérebro, olhos, coração, além de agravar a própria lesão nos rins.


Desta forma, fica evidente que, apesar de ocorrer lesão inicial em apenas um órgão (rim), o organismo inteiro acabará sendo acometido. Por isso, o veterinário clínico, quando for atender um paciente com doença renal, independente do tipo ou origem, precisa ter a consciência de avaliar o paciente como um todo, reconhecendo todas as complicações e lesões, e não somente ficar restrito ao aparelho geniturinário. Nestes casos é de suma importância o trabalho em equipe do clínico geral, juntamente com os especialistas.


Somente assim conseguiremos fazer o melhor pelos nossos pets, todos juntos por um único propósito, oferecer a melhor qualidade de vida que eles possam ter.

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